domingo, abril 09, 2006

TRILOGIA DA ÁGUA (II) Lágrimas


Chove mansinho dentro do meu peito.
Miudinho e constante dos dias iguais.
Esta chuva, por vezes sem aviso, adensa-se e violenta cai sem benevolência.
Cada gota deixa uma marca, uma amolgadela, no meu coração.
E assim se vai formando um oceano de angustia dentro do meu peito.
Às vezes tenho sorte, e com a desculpa de qualquer coisa banal,
Abrem-se sorrateiramente as torneiras da alma e lágrimas saem, sem pedir licença.
Atropelam-se, na hora da saída, como meninos de escola.
Saem salgadas, de impurezas jazentes.
Saem doces de libertação.

7 comentários:

trutasalmonada disse...

que belo...tão dolorosamente intenso...tão arrastadamente sofrido...

Anónimo disse...

Imagens soberbas...
Palavras húmidas ...
Vida danada.

syl disse...

Minhas queridas, companheiras da condição de mulher. Fadadas pela Mãe de todos, a natureza, que de água é feita, para misturar água, dor e poesia dentro dos nossos peitos, crianças nos nossos ventres e a capacidade de tudo conjugar por nós, por eles, pela humanidade.
Cumpramos pois o nosso destino.
Beijos para as duas, e obg do coração.

susana c. disse...

subscrevo as palavras da ff e da liblinha mas, renovadas pela água que libertamos, permite-me que diga antes, "façamos" o nosso destino!

(vou ficar viciada...não pares!)

syl disse...

Beijo linda, e obg.

Medeia disse...

Querida Sílvia, voltei (como já percebeste)a esta insanidade dos dias que nos conduzem a essa certeza de termos lágrimas.
Hoje é um dia assim. Aquoso e húmido.
Beijos.

syl disse...

Minha querida, as lágrimas e água são cordeis que nos atam umas às outras e nos fazem reconhecer um(a) igual