sexta-feira, dezembro 15, 2006

REVIVALISMO OU PRENDA DE NATAL?

Juro que o achado não foi propositado, apesar da onda de revivalismo que alastra estes dias pelos blogs, desde referências a brinquedos, a guloseimas e outras memórias de idades mais doces.
Estava entregue à actual animação da TV quando me ocorreram duas palavras dos antigos “desenhos animados”. Digitei-as no You Tube, e voilá, fez-se magia ou foi Natal (já nem sei…)
Chapi Chapo: 16 episódios e genérico. Verdadeiramente delicioso!
Deixo aqui este como prenda de Natal antecipada para a geração dos 40, especialmente para a minha revivalista preferida (volta depressa que temos umas sessões de visionamento agendadas), mas se quiserem mais já sabem onde os encontrar. Por mim, vou gravá-los para assistir com a geração dos sub-13.
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Chapi Chapo
Patapo
Chapo chapi
Patapi
Biribibi
Rabada dada
(petite voix:) dada !!

Pacha pacho
Pitipo
Pacho pacha
Pitipa
Biribibirabadadida
(rires)

La, lala lala lalaa lala
La, lala lala lalaa
La lalalala lala

Chapi Chapo
Patapo
Chapo chapi
Patapi
Biribibi
Rabada dada

Pacha pacho
Pitipo
Pacho pacha
Pitipa
Biribibirabadadida

sábado, dezembro 02, 2006

PERFEITO (2)

NADA É ABSOLUTAMENTE PERFEITO

foto ff retalhada por syl

quarta-feira, novembro 08, 2006

PERFEITO (1)


foto ff retalhada por syl

O meu amor é perfeito para mim.
Assenta-me bem. Não me fica largo nem apertado.
É confortável quase todas as horas do dia, o meu amor.
Não me lembro se o foi sempre, mas desconfio que sim.
O meu amor, não se sente ameaçado pela minha força, nem sobrecarregado pela minha fragilidade.
Conforma-se com os meus defeitos e tenta modificar as minhas virtudes.
O meu amor, não tem cara de anjo, porque eu não gostaria.
Mas tem olhos que faíscam de diabólica bondade.
É gentil, meigo e louco furioso, de uma só vez.
Quando estou menstruada, compra comprimidos e faz-me chá.
Acredita nas minhas fitas, mas esquece-se de me apaparicar.
Não me elogia amiúde, mas baba-se quando me observa furtivamente.
O meu amor não me olha de cima porque não é alto, nem de baixo, mesmo quando uso saltos. Passa-me o braço pela cintura e aperta-me bem ao seu lado.
Dá-me beijos quando já estou a dormir e telefona-me por nada.
Faz planos para mim, como se fosse meu pai, e aprende o que lhe ensino como se fosse meu filho.
Zanga-se comigo, porque mereço, e aprendeu a pedir desculpa porque eu gosto.
Tem o tamanho e o perfil certo para entrar em mim. Preenche-me profundamente, o meu amor.
Digo que é perfeito para mim, porque é o meu amor.

quarta-feira, novembro 01, 2006

PALAVRAS...

As palavras povoam-me até à hora de partirem.
Andam aos encontrões dentro do meu cérebro, insistentes, como canções ouvidas na rádio pela manhã.
Obcecam-me, martelando como palavras de ordem em manifestações inexistentes: Paz O Pão, Saúde, Educação!
Muitas vezes saem disparadas em cima do primeiro incauto que aparece, deixando-me órfã e desabitada.
Outras vezes deambulam por mim, acompanhadas pelos fantasmas residentes.
São caprichosas, obstinadas, selvagens até.
Nunca soube o que lhes fazer, até à hora que lhes cedi.
Agora levanto-me de madrugada e rabisco-as, ensonada, em envelopes, margens de livros ou lenços de papel (o que de momento estiver na mesa de cabeceira).

E elas ficam ali…a sorrir-me sem dentes.

BRUXEDO ?









De repente, depois de indecisões e outras comichões, ontem decidi que ia mesmo ver o “gajo dos olhos verde” (meu primo, portanto) sozinha, que isto de paixões é caso sério. Lá abri o site ticket line pela enésima vez, para espreitar os bilhetes disponíveis. Claro que teria que ser nos dias menos desejáveis para quem não vive em Lisboa ou Porto. Bolas! A coisa estava preta. Um ou dois de péssima visibilidade nos balcões laterais.
Na terça, porque quarta não dou aulas: nop.
Na segunda porque na terça só tenho aulas à tarde: nadinha.
No domingo, porque é o último dia do fim-de-semana: querias!
Na quarta, porque quero ir e pronto! Era bom, mas só na galeria em pé. Fo..-se !!! Desiste “ melher” não sejas parva! Mas eu sou teimosa, ou será casmurra?
Deixa cá espreitar sexta, só para ver… deixa lá espreitar o sábado só para descargo de consciência e murmurar mentalmente um rol de insultos aos filhos da mãe dos sortudos (aqueles que se decidem a tempo e horas).
Nada! nem em pé, nem com visibilidade reduzida, nem…ups!
Um achado! 1 bilhete, 1ª plateia, 1ªs filas, central! Chiça! No me lo creio! Afinal quem deixou ali uma bilhetinho com o meu nome? Será que tenho que voltar a acreditar que “there is somebody out there”? Com tanta sorte ainda vou acabar por acreditar no Pai Natal, no Príncipe Encantado, em homens com H ou até… em mim!
Mas isso agora não interessa nada, o que é certo é que vou.
A propósito… Há aí alguém que também comprou bilhete?
Acabei de reparar que me arrisco a sambar sozinha no meio da burguesia intelectual do rectângulo luso, ou talvez “sair” pelo ar embalada numa valsinha, ou mesmo suspirar no ombro vizinho, pelos mais belos olhos verdes do mundo, que são profundos como o Atlântico pelo sorriso de bom malandro...
Se assim for, será! Mas depois? quem me leva a tomar um copo se eu não encontrar o caminho, por causa dos olhos enevoados???

quarta-feira, outubro 11, 2006

LOUCURA? (2)


Delicioso!
Será loucura?
Não! Apenas a solução.

(Intimo-vos a aplicarem na primeira pessoa que cruzar o vosso caminho, e a continuarem a praticar até à perfeição. E quando me virem por aí, deem-me um forte... de cortar a respiração.)

segunda-feira, outubro 09, 2006

AINDA























Magritte


No tempo em que eu era outra, o mundo pintava-se a tons pastel. Ainda havia o bem e só um pouquinho de mal.
Nesse tempo sorria por nada e tapava a boca com a mão com vergonha de mostrar os dentes.
Usava mini-saia e tinha as pernas altas. Ia sozinha pela rua e julgava-me livre.
Não temia o fim do mundo porque ainda não tinha chegado o ano 2000.
No tempo em que eu era outra, sabia tudo quando ainda não tinha aprendido nada.

sábado, outubro 07, 2006

O ARREPIO E AS LÁGRIMAS DA ALMA



Caetano Veloso - Cucurrucucu Paloma

A voz de Cae, e o celo de Jacques, os culpados pelo arrepio.
E as lágrimas caem, apenas porque se existe.

quinta-feira, setembro 07, 2006

PORQUE MIA O GATO?


A música era suave, tanto quanto o pode ser a natureza.
A faca afagava suavemente a fatia de pão num contínuo de lá para cá e a manteiga então quedava-se expectante pela doce que a cobriria.
À volta, o chocolate escorria pelas paredes e misturava-se com os desenhos infantis de animais jamais caçados. Pedra, madeira, vidro, companheiros de todos os dias, sorriam sonolentos ao sol da manhã, enquanto o ferro mais recatado, se limitava a estar presente, firme, suportativo.
Uma azáfama de pés femininos percorria os caminhos de xisto preto em direcção ao calor e de volta também, solícitos, servis, maternais até.
Dos pés da madeira subia um miado suave, que se intrometia no tilintar dos talheres com determinação. O corpo escanzelado enleado em pernas e pés vibrava no miado premente.
A mente envolta em paladares teimava em não consciencializar. Mas de repente foi inevitável: Afinal, porque mia o gato?

quarta-feira, setembro 06, 2006

CLARO QUE TE AMO!

Fiz por me perder nas ruas movimentadas o que não foi difícil.
Barulho demais acaba sempre por se converter inevitavelmente em silêncio, e eu gostava disso. A ilusão do completo anonimato era quase total, nem os vidros das montras reflectiam a minha imagem, estive quase transparente.
Procurei esquecer o mel da tua voz e o mecanismo de despir que possuem os teus olhos, com hambúrgueres e gelados, satisfação imediata.
O sol dourou-me a pele e o caminhar enrijeceu-me uns quantos músculos.
Acabei por conhecer caminhos e atalhos, e se algumas vezes me encontrei na tua rua, não poderei evocar ter-me perdido, simplesmente não resisti.
Passei a espreitar-te por detrás da cortina porque não gostava de binóculos e julguei-me a salvo.
Poderia viver assim eternamente. Poderia? Apenas sentia a falta de quem eu era debaixo do teu efeito.
Do nada, quando me apanhaste distraída, surgiu o teu “já não me amas?”. Derrapei como pneu em óleo, mas aterrei de pé como sempre e não te respondi.
Não te amar seria não ser eu. Não se deixa verdadeiramente de amar, apenas se substitui o sentimento por outro revisto e actualizado.
Claro que ainda te amo…se é que alguma vez te consegui amar.

sexta-feira, setembro 01, 2006

AOS AMORES (3)

Damien Rice - The Blowers Daughter

Porque os mais belos são aqueles que nos molham de sal as faces,
que aceleram dentro do peito o músculo vital e nos fazem estremecer com apenas um beijo, apenas um olhar

sábado, agosto 12, 2006

BLOGA-SE COMO SE VIVE

Há coisas que apesar de serem uma evidência não podem, no entanto, deixar de ser ditas.
No caso: BLOGA-SE COMO SE VIVE.
De cada vez que abro um Blog, cada vez que acesso um novo link, lá aflora a sensação ao fim de poucos minutos de observação: BLOGA-SE COMO SE VIVE.
E no entanto nada é mais natural, visto serem os Blogs veículo de comunicação e expressão.
Este meio é como o foram antes, livros, artigos e outros textos (já para não falar de outros tipos de expressão artística) expressão de ideias, de sentires, de personalidades.
No entanto, quem sabe pela imensa democratização e globalização do suporte, tudo ali se torna mais evidente, mais gritante.
E no universo da blogosfera encontra-se de tudo. Só podia!
Enquanto uns são extrovertidos e exibicionistas outros são tímidos e solitários.
Uns são sérios e botas-de-elástico, outros humoristas e provocatórios.
Enquanto uns bogam de fora para dento, outros fazem-no de dentro para fora.
Encontram-se blogs telegráficos e imediatistas, contrastando com outros mais ensaístas e literários.
Há os generosos, que “estão ali” para dar, como há aqueles que existem sobretudo para receber (nomeadamente, massagens ao ego).
Uns modestos outros vaidosos.
Uns tecnológicos e futuristas, outros discretos e minimalistas.
Dizem que há os de “gajas” e os mais masculinos pelo que necessariamente também os haverá gay.
Tenho encontrado vários associativistas e muitos orgulhosamente sós.
Uns temáticos, outros miscelâneas.
Poéticos e líricos, oníricos, lunáticos, ou realistas, pragmáticos e praxistas.
Blogs pictóricos e visuais, blogs verbais.
Blogs para tudo e para todos.
Em última análise... blogs para cada um de nós.

quinta-feira, agosto 10, 2006

AOS AMORES (2)

PARA F:

Peter Gabriel & Kate Bush - Don't Give Up

In this proud land we grew up strong

We were wanted all along

I was taught to fight, taught to win

I never thought I could fail

No fight left or so it seems

I am a man whose dreams have all deserted

I've changed my face, I've changed my name

But no one wants you when you lose

Don't give up

'Cause you have friends

Don't give up

You're not beaten yet

Don't give up

I know you can make it good

Though I saw it all around

Never thought I could be affected

Thought that we'd be the last to go

It is so strange the way things turn

Drove the night toward my home

The place that I was born, on the lakeside

As daylight broke, I saw the earth

The trees had burned down to the ground

Don't give up

You still have us

Don't give up

We don't need much of anything

Don't give up

'Cause somewhere there's a place Where we belong

Rest your head

You worry too much

It's going to be alright

When times get rough

You can fall back on us

Don't give up

Please don't give up

Got to walk out of here

I can't take anymore

Going to stand on that bridge

Keep my eyes down below

Whatever may come

And whatever may go

That river's flowing

That river's flowing

Moved on to another town

Tried hard to settle down

For every job, so many men

So many men no-one needs

Don't give up

'Cause you have friends

Don't give up

You're not the only one

Don't give up

No reason to be ashamed

Don't give up

You still have us

Don't give up now

We're proud of who you are

Don't give up

You know it's never been easy

Don't give up

'Cause I believe there's a place

There's a place where we belong



quarta-feira, agosto 09, 2006

Aos Amores...


Saúdo-vos,
Lembro-vos,
Sinto-nos... a falta.

sábado, agosto 05, 2006

TEARS...
















Man Ray's Tears

"Ninguna persona merece tus lágrimas, y quien se las merezca no te hará llorar."
Gabriel García Marquéz

Não sendo novo, não sendo necessariamente verdade…não deixa de ser belo.

SEDE?

Sede, secura, sequidão, avidez, ambição, sofreguidão, ânsia, impaciência, gole.














Honestamente, até “…tenho inveja de quem tem carros, parelhas e montes…”, mas seguramente tenho mais inveja de quem não tem medo e “…bebe a água em todas as fontes.”

quarta-feira, agosto 02, 2006

WITSHCRAFT






















A única vantagem de já não conseguir acreditar em príncipes encantados…
é não termos que nos preocupar com dragões e bruxas.

sexta-feira, julho 21, 2006

SE...






















Se eu pedisse... eras capaz de me amar?

BURNING FIRE



















Deitados lado a lado, a quilómetros de distância, olhamos os nossos corpos nus e ardemos mais um pouco.
O incêndio dura já há dias e continuamos sem saber como o parar.
Receio mesmo que não o queiramos fazer. Atrai-nos o abismo, eu sei, já o previa.
Como Louva-a-Deus que copulam suicidas, também nós o fazemos deixando que nos ardam das entranhas até à alma, até que só fiquem as cinzas do que fomos. Temos a vã esperança de renascer mais fortes e perfeitos, da redenção.
Não te disse já, para não acreditares em contos de fadas e finais felizes?

terça-feira, julho 18, 2006


NÃO! (2)

Não!
Não aceito censura nem ao meu pensamento nem à minha liberdade de expressão!
São o que verdadeiramente livre tenho de meu.
São a minha ancora na sanidade, são a expressão da minha essência.
Não os poderei nunca comprometer com quaisquer sectores de opinião, políticos, de modismos, ou outros seguidismos, somente com a minha consciência.
Lamento, mas não estão à venda!
















NÃO! (1)
Não, não quero morrer lentamente...
Não quero sofrer nem na vida, nem na morte.
Quero viver bêbada de emoções. Bêbada de partilhas, de amor, de formigueiros nos dedos dos pés, de desafios a superar, de paixões violentas, de atitudes mortais.
Quero morrer como quem abraça um amante que voltou de novo para os seus braços, com paixão e arrebatamento, como quem sucumbe após o orgasmo mais intenso.
Quero demais? Provavelmente sim, mas mesmo assim não vou deixar de querer!
E tu? Preferes viver para sempre, morrendo lentamente ou morrer num ápice vivendo a vida de uma só vez????...





segunda-feira, julho 03, 2006

Há dias de coração amarfanhado, como há meses, como há anos...
Hoje mais que nos outros esse amarfanhado sobe à garganta e estrangula as palavras, enevoa os olhos até parecer que não haverá amanhã.
Hoje as perdas que ainda não tivemos doem profundamente e partilham a tortura com perdas antigas. Hoje os amigos fazem falta...afinal faltou a dose mensal.

terça-feira, junho 27, 2006

ADEUS (revisitado)

By Letititia (2006)
By Mélodie (2006)
À Mélodie e à Letitia... ou ... como se vê o "Adeus" aos 16 anos.













quarta-feira, junho 21, 2006

ADEUS

Quantas vezes já sentimos que o “poeta” nos “tirou as palavras da boca”…
Quantas nos vimos retratados pelo letrista de uma melodia mais dolente…
Nunca tanto como aqui…
Tanto de querer ler de voz alta,

de querer repetir com entoação as dores do poeta,
que também são as minhas.
Ele, eu…
Há muito tempo atrás...agora, sempre!









Adeus

Já gastámos as palavras pela rua,
meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de a apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das
esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não
encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para
dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem
minhas:
quanto mais te dava mais tinha
para te dar.

Às vezes tu dizias: os teus olhos
são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado todas as coisas
eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos
segredos,
era no tempo em que o teu corpo
era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente
nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão
gastas.

Adeus.


“Os Amantes sem dinheiro” (1950)
Eugénio de Andrade




terça-feira, junho 20, 2006

SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO
Dois estranhos conheceram-se no meio da floresta numa noite de verão.
Duas almas que navegaram na torrente dos dias, deram à costa no mesmo sítio.

Era a noite mais quente de todos os verões.
O calor que incandescia do solo e de todos os elementos terrestres empurrou-os para o mar.
Ficaram ali …frente à imensidade, namorando-o, cada um à sua maneira desejando-o, cada um com a sua urgência.
Olharam um para o outro e desejaram-se com os náufragos desejam terra firme, como se deseja o mar para aplacar o calor da terra ardente.
Entraram por ele dentro com a sede da seca mais intensa.
Depois, foi o sonho que reinou…
A lua caiu no mar e diluiu-se em milhares de fragmentos de luz, num rasto de estrelas cadentes seguindo cada movimento.

Belo, belo… belo demais para ser verdade.
Findou a noite, acabou o calor, terminou a sede, a solidão, o sonho…
De volta à realidade nada restou.
Porquê meu amor?

segunda-feira, junho 19, 2006

VINHO, POESIA e VIRTUDE
Devemos andar sempre bêbados.
É a única solução.
Para não sentires o tremendo fardo do tempo que te pesa sobre os ombros e te verga ao encontro da terra, deves embriagar-te sem cessar.
com vinho, com poesia, ou com a virtude.
Escolhe tu, mas embriaga-te.
E se alguma vez nos degraus de um palácio, sobre as verdes ervas de uma vala, na solidão morna do teu quarto, tu acordares com a embrieguez atenuada, pergunta ao vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que passou, a tudo o que murmura, a tudo o que gira, a tudo o que canta, a tudo o que fala; pergunta-lhes que horas são: "São horas de te embriagares. Para não seres como os escravos martirizados do Tempo, embriaga-te sem descanso. Com vinho, com Poesia, ou com a virtude".
Charles Baudelaire

terça-feira, abril 25, 2006

Onde é que eu estava no 25 de Abril de 74?........Lá!

A história é mais ou menos conhecida pelos amigos e é pelo menos um óptimo modo de voltar para mim as atenções num convívio social.
Estava lá, no Largo do Carmo, com sete anos.

A minha escola, ficava defronte ao Quartel do Carmo que se colava ao mítico Convento do Carmo, e a minha mãe trabalhava no liceu ao lado do mesmo convento.
De manhãzinha, já com um indistinto cheiro a dia estranho no ar, comparecemos pontuais na Escola Primária nº( já não me lembro).

Depois das ruas quase vazias deparámo-nos com a escola vazia de gente pequena e do seu som característico. Em seu lugar, da cozinha, chegou-me claro o comunicado do movimento das forças armadas, pela voz que ficou na história. Saiu-nos ao caminho uma directora nervosa e perplexa: - Então não sabem o que se está a passar? A sra, esposa de um militar?
A minha mãe sentiu-se por momentos, apanhada em falta (será que não tinha estudado a matéria certa? Algo lhe passara ao lado e ela não fazia a mínima ideia.)
- Um golpe de estado! Estão sempre a repetir na rádio… Os militares estão a tomar o poder, estão a avisar para todos se manterem em casa. Não há aulas, não está cá ninguém. Vão p’ra casa, vão para casa…
Pelo rosto da minha mãe pude ver que a situação era grave, coisa nunca vista e ouvida durante toda a sua vida. Agarrou forte a minha mão e saiu disparada para a rua, num tumulto de emoções. Adivinhei-o então, e sei-o desde há muito, desde que se pode falar de tudo, apenas algumas horas depois.

Depois, foi tudo um pouco confuso. Enquanto algumas pessoas se acercavam do local, nós saíamos em passo rápido em direcção à estação de comboios do Rossio, rápido em direcção a casa, rápido em direcção à protecção.

A esta altura já o chefe do governo tinha buscado refúgio dentro do Quartel do Carmo. Passámos-lhe defronte e nada nos pareceu diferente, nada nos avisou da história a fazer-se, ali e então. Como de costume olhei as sentinelas (as loirinhas provocantes, como era costume chamarem-lhes), que com olhar vítreo, mais alto que o meu nível, ali se mantiveram até…, não sei…

De mãos dadas descemos a íngreme calçada do Carmo enquanto provavelmente do lado inverso, Salgueiro Maia subia de chaimite até à sua "pacífica" missão.

Quando chegamos a casa, ficámos a saber que o meu pai (militar) estava fechado no seu quartel incomunicável. Aliás como todos os militares do país de prevenção! Ficámos as duas em casa durante 2 ou 3 dias sem saber absolutamente nada dele. Valeu-nos termos sido pseudo-adoptadas e apaparicadas pelos vizinhos de baixo, com quem vivemos as longas horas da espera de olhos presos no televisor.
Nunca tinha visto tanta cor num televisor a preto e branco, vi os cravos vermelhos, as floristas do rossio, que quando por lá passava me ofereciam as flores de pé curto, desdobraram-se em cravos que pareciam terem-se multiplicado como maná.
Vi cor nos uniformes verdes e nos jovens que vestiam as psicadélicas roupas anos setenta.

Depois disto, guardo dois momentos mágicos. Os relatos do meu pai, quando voltou a casa:
Tinha durante todo o processo estado em comunicação com os quartéis e militares de todo o país, ouvido as rendições, ou a adesão à revolução dos quartéis mais próximos do regime, que um a um, “foram chegando à festa”.
E a observação em directo na R.T.P. da abertura das grades da prisão de Caxias com os presos políticos a sair com sorrisos e depois em ombros pela multidão de familiares e amigos de luta.

Durante aqueles dias e meses, ouvi e aprendi muita coisa que ficaram comigo para sempre, até hoje e por isso a necessidade de o partilhar hoje.

quarta-feira, abril 19, 2006

No tempo em que eu brincava

Não sei se gostava de voltar atrás à infância… de viver de novo a angustia, dos vestidos rasgados em brincadeiras, quando por fim voltava a casa.
Do correr e do saltar livre, na relva da Alameda da Fonte Luminosa, sinto falta.
Como sinto falta dos amigos de brincadeiras, que ficaram para trás no quotidiano da minha diáspora.
Sinto fantasticamente, a falta dos amigos que não puderam fazer-me companhia nessas odisseias de algumas horas, por ainda não fazerem parte desses filmes.
Como seriam as nossas brincadeiras, princesa guerreira? como seria viver aquele Abril de ingénuos olhos arregalados e emocionadas com o calor das nossas palavras, reflexões, ideais e baladas de intervenção, cantadas a plenos pulmões.
Gaivotas, paz e pão, vampiros de estimação…
Praças com estátuas de febre a arder…
Sim, gostava de voltar atrás e de te levar a viver, mão na mão, aquele tempo…

TRILOGIA DA ÁGUA (III) Mar

Mar…
Oceano…
Imensidão de líquido amniótico onde mergulho sempre, de volta à origem,
ao conforto do útero, do envolvimento, do silêncio aquoso.
Útero eterno de criaturas várias, acolhedor para aqueles que como eu ali voltam periodicamente na busca da renovação, da limpeza interior, da aceitação incondicional, da massagem primordial.
Não te vás. Não te percas. Não nos deixes perder-te, perder-mo-nos.
Nós Atlantes expulsos, que chorando o parto indesejado, te inundámos de lágrimas e sal, não o suportaríamos, não sobreviveríamos.

domingo, abril 09, 2006

TRILOGIA DA ÁGUA (II) Lágrimas


Chove mansinho dentro do meu peito.
Miudinho e constante dos dias iguais.
Esta chuva, por vezes sem aviso, adensa-se e violenta cai sem benevolência.
Cada gota deixa uma marca, uma amolgadela, no meu coração.
E assim se vai formando um oceano de angustia dentro do meu peito.
Às vezes tenho sorte, e com a desculpa de qualquer coisa banal,
Abrem-se sorrateiramente as torneiras da alma e lágrimas saem, sem pedir licença.
Atropelam-se, na hora da saída, como meninos de escola.
Saem salgadas, de impurezas jazentes.
Saem doces de libertação.

TRILOGIA DA ÁGUA (I ) Suor


O teu suor tem o doce sabor da terra molhada e do homem que a trabalhou.
Tem o salgado dos oceanos que curte a pele do pescador.
Tem o cheiro que me fascina, que me leva para ti como perdigueiro em acção.
Nariz percorrendo os milímetros da tua pele, farejando o teu dia, a tua essência.
A língua batedora implacável, segue-lhe os passos, deambulam ambos por espaços, cavidades e saliências que conhecem mas querem confirmar que lá estão, os teus recantos mais íntimos que são só meus por agora.
Marcam os espaços que lhes serviram para consumo mais demorado. A água que eras tu e que se esfumou deixado apenas a essência, sabe a sangue. Sabe ao corpo que tu és. Sabe à alma que se funde na minha quando partilhamos este momento.

quinta-feira, abril 06, 2006

Geisha













Acontece que por solicitação, li com expectativa o badalado “Memórias de uma gueixa” ( não vi o filme, isso fica para outras impressões).
A narrativa, leve e acessível, acabou por se revelar plana.
O desvendar da “fabricação” e quotidiano de uma geisha, acaba por passar para o relato romanceado da vida de uma mulher, (supostamente uma das melhores geishas do seu tempo), a par com o da condição feminina no Japão da 1ª metade do séc. XX.
Se supostamente deveria impressionar esteticamente e comover, (como estou segura o filme o fará…), limita-se a desfiar acontecimentos de uma classe de trabalhadoras que se sujeitam a sacrifícios na aprendizagem do seu “metier”, e depois à rotina da sua “performance”, não o fizemos sempre todas nós?
Esta mulher como as outras, (como nós) ama, sobrevive, está só ou se acreditarem em milagres obtêm da vida o que sonha.
Nas palavras corridas do tempo a passar o meu mito ruiu. Ser geisha é ser mulher, ser uma trabalhadora, um pilar de uma certa economia. A sedução fica para as imagens estáticas (ou eventualmente “in motion pictures”).

quarta-feira, abril 05, 2006

Gueixa

Não sei de onde, ou quando, surgiu a minha fantasia recorrente de ser uma gueixa. Reporto talvez, àquele período da adolescência em que se sonha ser admirada e também original, exótica e distante…
Obviamente que esta minha fantasia me dava a mim o controlo sobre as situações e….os homens. Objectivo não só de adolescente mas pulsão de mulher.
Este processo foi-se desenvolvendo a par com a minha admiração pela estética japonesa, ao conjugar o minimalismo plástico nos espaços e formas e eloquência da cor e dos desenhos.
A esta cena, acresce ainda o manancial poético dos rituais seculares e a teatralização de comportamentos e movimento em ritmos tão distantes dos ocidentais.
Num canto obscuro da minha mente, larguei todos os senãos conhecidos ao longo dos tempos, afinal, “senãos” não cabem em fantasias, definitivamente.

3- Armário.


Tinha tempo. Tinha todo o tempo. Ocupou-se consigo.
Banho de imersão demorado, pequeno luxo de quem não tem horários ou ninguém à espera. Rodeou-se de cremes e cheiros de tranquilidade e segurança. Estava somente a fazer aquilo que sempre prometia a si própria, mas que os finais atribulados dos dias iguais não permitem. Nenhumas segundas intenções…

Escolheu roupa e maquilhagem com preocupação de projectar leveza e despreocupação.
“Just in case” protegeu a retaguarda do resto das horas do dia. Não rejeitou vários programas sobrepostos.

Sabia que ele não iria aparecer. Apesar de desta vez ter dito que sim, que apesar de ocupado iria aparecer. Quis acreditar que também ele tinha urgência dela, tinha-lho afirmado por várias vezes.
Saiu para a rua cumprindo contra relógio preparativos, que nada tinha de específico para aquelas horas.
Somente não tinha em casa nenhum chá de jeito, e ele gostava de chá, aliás ela gostava de chá! Escolheu três, o clássico (e very british) “earl grey”, o super hip chá branco e finalmente um oriental.

Muito cedo tinha abandonado a ideia de uma encenação oriental, consigo no papel de gueixa.
Era demasiado perfeccionista para ignorar a falta de acessórios que considerava essenciais, tolice quando a mania da perfeição se intromete nas nossas fantasias!
Contudo ele não viria portanto….soltou-se ao sabor do imprevisto.
Deixou o tempo correr sem recorrer muito ao relógio, tudo dentro dos timings.
Só faltava um sinal, um toque, só faltava…Ele não veio! (Mas mandou mensagem a avisar!).

2- Esqueleto....


Tinha-lhe aparecido de rompante, naquela altura em que somos permeáveis a eles, e tinha criado um espaço nada corpóreo, mas demasiado físico/mental, se é que isto se pode entender.
Resumindo: tinha encantado como era seu hábito, se calhar por razões outras que não aquelas que ele considerava as suas armas demolidoras.

Não trouxera nada para oferecer, mas cativava pelas suas contradições, pela sua fragilidade e sensibilidade, sempre desimuladas numa divertida e alegre capa de D. Juan,
que fazia estragos à esquerda e à direita.

Para ela, que tinha a pretensão de o “topar à légua”, que o via de igual para igual, que quase invejava não poder ter sido a sua versão feminina, o fascínio que exercera não fora menor… fora mais denso.
Queria-o como uma fêmea quer um parceiro, até à satisfação.
Queria-o como um homem quer um amigo, como um igual, como um aliado.
Queria-o pela sua mente, pelo seu espírito, pela sua energia positiva, pelo seu humor, pela sua natureza desarmante, (recordava-se agora que ela própria era apelidada de desarmante pelos amigos...coincidência?).
Queria-o, mas só por momentos! Sabia-o desde o início.
Momentos daqueles em que as bolas se tocam explosivamente numa mesa de bilhar, para depois partirem à procura do seu buraco ou de outra bola que por ali ande.
Sabia que viviam filmes diferentes, comunicado apenas pelos meios incorporais da moda.

Resumindo, queria livrar-se desse fantasma que não fazia nada por si, (não sei se é suposto os fantasmas fazerem alguma coisa por nós …) da única maneira que sabia: consumindo-o, desmistificando-o, reduzindo-o à mera condição de esqueleto no armário, (segundo ela bem mais fácil de lidar…, nem sequer faz Buuuu!, quando damos com ele.)
Como todos os fantasmas era fugidio, não por timidez mas por sobrevivência por ser bem relacionado, por não se dar à maçada, ou seria um pouco de medo de se ver tão radiografado nos olhos dela? A hipótese de ela não passar de um recorte de uma notícia do século passado, também não podia ser formalmente descartada.

Ela tinha ignorado vezes suficientes, no passado, o incómodo que ele lhe causava quando aparecia, sempre imaterial, fazendo gracinhas e chamando a sua atenção.
Agora decidira encostá-lo à parede (fraca estratégia!), levantar-lhe o lençol e ver como era, afinal ela queria conhecer mais do que ele se permitia revelar.
Fez-lhe um ultimato e ele disse que sim, que iria. (já o tinha dito outras vezes) ela forçou-se a acreditar mas, como das outras vezes… nunca o levou muito a sério.

terça-feira, abril 04, 2006

1- Fantasma...


Rodou o anel no dedo e ajeitou o cabelo num gesto de contida expectativa, fora assim todo o dia.
Funcionava com um objectivo que persistia em camuflar nos gestos e rituais mais rotineiros. O dia parecia ajudar à energia colocada nas tarefas auto impostas. O pão foi comprado cedo, com alegria, mesmo significando ter de abandonar o quente dos lençóis, afinal tinha de se alimentar, e nem o longo olhar com o qual percorreu todas as delícias gastronómicas ali expostas, perspectivando uma aquisição posterior durou mais que breves segundos.
A cama fora feita de lavado porque os lençóis eram demasiados quentes e enrolavam-se de cada vez se virava de noite, teve que ser!

Tinha tempo. Tinha todo o tempo. Estava por sua conta nestes dias que roubara à sua vida quotidiana, para oferecer somente a si. Tinha voltado às origens. Num misto de procura de silêncio, de pessoas, sítios e vivências, que escolhera abandonar, talvez demasiado cedo, mas que nunca se permitiu lamentar.

Agora estava ali, em retiro, muito flexível é certo, mas que tinha objectivos a cumprir. Aquela procura dentro de si implicava não só observar-se, como observar cada detalhe à sua volta e ainda fazer uma arrumação nos fantasmas que povoavam o seu armário.
Não sabia (ou preferia ignorar) quanto, da sua energia e dos seus objectivos colocava no confronto com um fantasma em particular. Um fantasma tão imaterial na sua vida quanto presente na sua mente.

sábado, março 25, 2006

O Anzol


foto syl

“Eu não sei se hei-de fugir ou morder o anzol,
Já não há nada de novo aqui… debaixo do sol….”
Rádio Macau


Dir-se-iam estúpidos, irracionais estes peixes, que nem sequer pela observação sistemática do destino fatal, dos seus irmãos, primos e restante família, se deixam assim apanhar simplesmente, mordendo o anzol.
Mas como todos os outros, também ela, fresca, brilhante, que se considerava ladina e coisa e tal, mordeu-o!
Ficou a observar nitidamente o fio invisível que a puxava para mais perto do céu. (Ou Inferno, que são a mesma coisa).
Não resistiu. Até ajudou. Deixando-se flutuar obediente. Claro! Já não há nada de novo aqui ou lá onde se encontrava.
Mordia mais um pouco o anzol, com medo de ficar pelo caminho e saboreava o suave veneno que a entorpecia e excitava. Enrolou-se voluntariamente no fio mesmo não o vendo, sabia que ele estava lá.
Nada de medos. A excitação de chegar à superfície era grande, queria ver o pescador.
Aquele que com tão simples truque, continuava a fazer o que sabia. Pescar o peixe, vê-lo vibrar à sua frente, arfar por ar, e por fim… desfalecer.
Ela era curiosa e jogadora, deixou-se levar em todos os passos.
Quase em coma podia ainda sentir os efeitos nocivos, mas não se arrependia.
Queria saber como seria o fim. Ser a ementa do pescador, ser por ele devorada e saboreada. Apostava que ele iria sentir-lhe a diferença.
Sabia de todos os outros peixes ao seu lado, provavelmente enfeitiçados pela mesma canção. Só não sabia que os seus destinos seriam o mesmo.
Acabou vibrante e brilhante, como todos, numa foto de turista.

sexta-feira, março 24, 2006

No entanto atenção!



...aos incautos nem só com cordeis pacatos e discretos se atam os meus embrulhos, se tecem as minhas histórias...

quinta-feira, março 23, 2006

Lembro que me sentia algo como Alice, perdida entre espaços mais ou menos recônditos dentro do meu cérebro. Na maioria, o vazio.
De quando em vez, um túnel escuro e pouco apelativo.
De repente, abriu-se uma porta fechada que lembro tinha tentado ocultar de tal forma que a esquecera.
Abriu-se de uma forma urgente e autoritária, nada houve a fazer….
A curiosidade foi forte, de dentro irradiava apenas um leve clarão. Espreitei, e vi.
No centro uma amontoado de, ….de…. parecia fio ou fios, ou …cordéis!
Eram pedaços de cordel, de várias cores que quase não se distinguiam. Perto da porta estava a ponta. Cordel de mercearia, daquelas que já existiram e das quais querem agora fazer um revival tipo “pastiche”.
Peguei-lhe e puxei.
Achei engraçado. Lembrou-me qualquer coisa.
Puxei mais e vi que a ele estava atado a outro, diferente ou semelhante, não sei bem distinguir, estava atados, ou colados, ou mesmo fundidos com aquilo que me pareceu AÇÚCAR , refinado ou puro de cana. Colado com água (de lágrimas?) ou caramelizado (de temperaturas de paixões febris).
Segurei bem a ponta e levei comigo. Parece que um fio interminável me seguiu. Eu não sei. Não fiquei, nem olhei para trás.