quarta-feira, abril 05, 2006

3- Armário.


Tinha tempo. Tinha todo o tempo. Ocupou-se consigo.
Banho de imersão demorado, pequeno luxo de quem não tem horários ou ninguém à espera. Rodeou-se de cremes e cheiros de tranquilidade e segurança. Estava somente a fazer aquilo que sempre prometia a si própria, mas que os finais atribulados dos dias iguais não permitem. Nenhumas segundas intenções…

Escolheu roupa e maquilhagem com preocupação de projectar leveza e despreocupação.
“Just in case” protegeu a retaguarda do resto das horas do dia. Não rejeitou vários programas sobrepostos.

Sabia que ele não iria aparecer. Apesar de desta vez ter dito que sim, que apesar de ocupado iria aparecer. Quis acreditar que também ele tinha urgência dela, tinha-lho afirmado por várias vezes.
Saiu para a rua cumprindo contra relógio preparativos, que nada tinha de específico para aquelas horas.
Somente não tinha em casa nenhum chá de jeito, e ele gostava de chá, aliás ela gostava de chá! Escolheu três, o clássico (e very british) “earl grey”, o super hip chá branco e finalmente um oriental.

Muito cedo tinha abandonado a ideia de uma encenação oriental, consigo no papel de gueixa.
Era demasiado perfeccionista para ignorar a falta de acessórios que considerava essenciais, tolice quando a mania da perfeição se intromete nas nossas fantasias!
Contudo ele não viria portanto….soltou-se ao sabor do imprevisto.
Deixou o tempo correr sem recorrer muito ao relógio, tudo dentro dos timings.
Só faltava um sinal, um toque, só faltava…Ele não veio! (Mas mandou mensagem a avisar!).

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