quarta-feira, novembro 01, 2006

PALAVRAS...

As palavras povoam-me até à hora de partirem.
Andam aos encontrões dentro do meu cérebro, insistentes, como canções ouvidas na rádio pela manhã.
Obcecam-me, martelando como palavras de ordem em manifestações inexistentes: Paz O Pão, Saúde, Educação!
Muitas vezes saem disparadas em cima do primeiro incauto que aparece, deixando-me órfã e desabitada.
Outras vezes deambulam por mim, acompanhadas pelos fantasmas residentes.
São caprichosas, obstinadas, selvagens até.
Nunca soube o que lhes fazer, até à hora que lhes cedi.
Agora levanto-me de madrugada e rabisco-as, ensonada, em envelopes, margens de livros ou lenços de papel (o que de momento estiver na mesa de cabeceira).

E elas ficam ali…a sorrir-me sem dentes.

5 comentários:

Anónimo disse...

E sendo o primeiro (a postar) só posso dizer:
as tuas palavras (simples) são uma Epifânia.
Apetece ler, e ler e ficar assim a degusta-las.

Foi bom voltar.
Bjs

syl disse...

Gui,
Foi bom teres voltado. Fizeste falta.
Bjs

Anónimo disse...

Palavras...
Soltásse-as eu.
Às vezes, bem que gostaria que elas se soltassem, mas estas insistem em manter-se caladas.
Pairam na minha cabeça.
Quase que se revelam sempre que faço click sobre uma letra mas, neste, como noutros teclados, existe um delete e esse é fatal.
Agora consegui resistir-lhe.
Apesar de pouquinhas, foram estas as palavras que consegui soltar.
Beijinhos.
Alice

Nota: A esta hora espero que estejas a ou para divertir-te imenso no concerto.

syl disse...

Doce menina das maravilhas:
Como conheço bem o mecanismo do "delete"! Quer nos teclados, quer nas tintas e nos pinceis, quer num simples risco numa folha branca. Mas, por bem ou por mal, os pensamentos, as ideias, não são tão fáceis de fazer desaparecer. Temos portanto, que lhes sucumbir, deixá-los sair pelos dedos, pela boca, pelos gestos, pelos poros. Sair. Basta uma só palavra, para nos libertar, para comunicar, para sermos salvos. Espero sempre pelas tuas. Uma, ou quantas quiseres.
Beijos, Amiga.

trutasalmonada disse...

palavras, palavras, palavras...por vezes vislumbro-lhes o cucuruto, outras as partes privadas, mas tem-me sido dificil escrutiná-las na totalidade quando elas continuamente teimam em se resguardarem da luz do sol e da lua...assim ficam cá por dentro a jogar ao jogo do gato e do rato, até que eu me irrite e as sacoleje de vez ou as deixe sucumbir nas masmorras dos afectos