A música era suave, tanto quanto o pode ser a natureza.
A faca afagava suavemente a fatia de pão num contínuo de lá para cá e a manteiga então quedava-se expectante pela doce que a cobriria.
À volta, o chocolate escorria pelas paredes e misturava-se com os desenhos infantis de animais jamais caçados. Pedra, madeira, vidro, companheiros de todos os dias, sorriam sonolentos ao sol da manhã, enquanto o ferro mais recatado, se limitava a estar presente, firme, suportativo.
Uma azáfama de pés femininos percorria os caminhos de xisto preto em direcção ao calor e de volta também, solícitos, servis, maternais até.
Dos pés da madeira subia um miado suave, que se intrometia no tilintar dos talheres com determinação. O corpo escanzelado enleado em pernas e pés vibrava no miado premente.
A mente envolta em paladares teimava em não consciencializar. Mas de repente foi inevitável: Afinal, porque mia o gato?
quinta-feira, setembro 07, 2006
PORQUE MIA O GATO?
Publicada por syl à(s) 12:15 da manhã
Etiquetas: Vivências
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5 comentários:
Parece que o gato anda a mia á muito tempo....
É verdade, parece que de tanto miar ficou afónico. E não sei se voltará a miar... Só sei que como um dia se abriu a torneira, agora parece que secou. Veremos...
Ok. olha em tua volta e vais ver que encontras muitos motivos para escrever....
(se quiseres ajuda, eu escrevo algo para tu terminares...?)
Bjs
Syl,
Depois de conhecer, e ler um pouco deste teu espaço, que desde já me cativou, vou seguir o link para tentar descobrir porque mia o gato...
Bjs.
Guilherme:
agradeço a oferta tão tentadora e estimulante. Receio, no entanto, não estar à altura de tal desafio. Porque, deixa-me corrigir-te, eu não escrevo, limito-me a registar pensamentos mais ou menos obsessivos que me povoam, a tempos, num mecanismo de exorcismo.
Quando a poeira assentar, espero conseguir voltar a ouvir-me pensar, e depois, ter ainda a necessária coragem para os partilhar.
Um beijo
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