A música era suave, tanto quanto o pode ser a natureza.
A faca afagava suavemente a fatia de pão num contínuo de lá para cá e a manteiga então quedava-se expectante pela doce que a cobriria.
À volta, o chocolate escorria pelas paredes e misturava-se com os desenhos infantis de animais jamais caçados. Pedra, madeira, vidro, companheiros de todos os dias, sorriam sonolentos ao sol da manhã, enquanto o ferro mais recatado, se limitava a estar presente, firme, suportativo.
Uma azáfama de pés femininos percorria os caminhos de xisto preto em direcção ao calor e de volta também, solícitos, servis, maternais até.
Dos pés da madeira subia um miado suave, que se intrometia no tilintar dos talheres com determinação. O corpo escanzelado enleado em pernas e pés vibrava no miado premente.
A mente envolta em paladares teimava em não consciencializar. Mas de repente foi inevitável: Afinal, porque mia o gato?
quinta-feira, setembro 07, 2006
PORQUE MIA O GATO?
Publicada por syl à(s) 12:15 da manhã 5 comentários
Etiquetas: Vivências
quarta-feira, setembro 06, 2006
CLARO QUE TE AMO!
Barulho demais acaba sempre por se converter inevitavelmente em silêncio, e eu gostava disso. A ilusão do completo anonimato era quase total, nem os vidros das montras reflectiam a minha imagem, estive quase transparente.
Procurei esquecer o mel da tua voz e o mecanismo de despir que possuem os teus olhos, com hambúrgueres e gelados, satisfação imediata.
Procurei esquecer o mel da tua voz e o mecanismo de despir que possuem os teus olhos, com hambúrgueres e gelados, satisfação imediata.
O sol dourou-me a pele e o caminhar enrijeceu-me uns quantos músculos.
Acabei por conhecer caminhos e atalhos, e se algumas vezes me encontrei na tua rua, não poderei evocar ter-me perdido, simplesmente não resisti.
Passei a espreitar-te por detrás da cortina porque não gostava de binóculos e julguei-me a salvo.
Poderia viver assim eternamente. Poderia? Apenas sentia a falta de quem eu era debaixo do teu efeito.
Do nada, quando me apanhaste distraída, surgiu o teu “já não me amas?”. Derrapei como pneu em óleo, mas aterrei de pé como sempre e não te respondi.
Não te amar seria não ser eu. Não se deixa verdadeiramente de amar, apenas se substitui o sentimento por outro revisto e actualizado.
Poderia viver assim eternamente. Poderia? Apenas sentia a falta de quem eu era debaixo do teu efeito.
Do nada, quando me apanhaste distraída, surgiu o teu “já não me amas?”. Derrapei como pneu em óleo, mas aterrei de pé como sempre e não te respondi.
Não te amar seria não ser eu. Não se deixa verdadeiramente de amar, apenas se substitui o sentimento por outro revisto e actualizado.
Claro que ainda te amo…se é que alguma vez te consegui amar.
Publicada por syl à(s) 11:39 da tarde 5 comentários
sexta-feira, setembro 01, 2006
AOS AMORES (3)
Damien Rice - The Blowers Daughter
Porque os mais belos são aqueles que nos molham de sal as faces,
que aceleram dentro do peito o músculo vital e nos fazem estremecer com apenas um beijo, apenas um olhar
Publicada por syl à(s) 1:17 da manhã 3 comentários
Subscrever:
Mensagens (Atom)