É suficientemente pacífico que a vida se estrutura por ciclos ou fases, quase comuns a todos os elementos de uma mesma sociedade e realidade cultural
É também certo que são simultâneos em grupos etários semelhantes.
Esta partilha que temos com aqueles a quem chamam de “pares” e que nós chamamos amigos, poderá talvez constituir um dos elos mais fortes, de partilha, de identificação de cumplicidade.
Brincadeiras e disparates, mal de amores, o primeiro beijo, dores de crescimento, dores de cotovelo, ir acampar, a primeira vez, substâncias hilariantes, relaxantes e excitantes, faculdade, primeiro emprego, sair de casa, (não necessariamente nesta ordem), torrentes de emoções…
Depois casamentos, projectos, filhos, sarilhos, separações, divórcios, tudo previsível ou nada previsto, tudo comum.
Agora (ou antes, ou depois), os quarenta e ter de usar óculos… Agora, (ou antes, ou depois), stress e depressões…
Por estes dias, as palavras de ordem no meu círculo são: MUITO, TRABALHO, FALTA, TEMPO, INSÓNIA…
Chega a ter piada, quando entramos à vez, cada um mais atrasado, nos locais de reunião.
- Então?
- Epá, muito trabalho, falta de tempo, insónia…
Quando entra o último, já o coro repete, entre risos de “partilha e identificação”: …balho… empo… sónia!!!
Depois discutem-se métodos adoptados, científicos ou alternativos: nomes complicados de indutores de sono, vinho tinto, whisky ou sexo…, quê?? Sexo?? Tenho lá tempo??
Causas e sintomas, todos identificamos, acabando por não reflectir efectivamente nos efeitos mais particulares, em cada um, ou será em todos? Pois claro! não temos tempo…
Tempo para nós, tempo para dar, tempo para ser, fazer, pensar, criar.
No entanto, the answer lies on us, como sempre!
Imersa em trabalho, tarefas pendentes, preocupações várias, cérebro ligado a mil, na resolução de problemas, não só não me ouvia pensar, como me convenci que não pensava nada, não achava nada, não criava nada.
Desagradável esta sensação de me ter tornado num robot… operante, em vigília, incapaz de produzir criativamente.
Ser uma espécie de ser congelado, num invólucro humanóide…
De madrugada, no meio duma insónia, lutando contra as intermináveis checklists, palavras surgem e agrupam-se, criam-se esquemas, formam-se sentidos.
Da terra de Sigmund, veio a tranquilidade:
Estou cansada, mas ainda viva e pensante. VIVA!
sexta-feira, março 02, 2007
DEPOIS DO SILÊNCIO
Publicada por syl à(s) 12:52 da manhã
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4 comentários:
o silêncio,
uma pausa,
um novo fôlego...
e pronta para mais uma caminhada.
Beijos
Alice
essas palavras são tão recheadas e alimenticias para mim...sinto-me (quase) lida, envolvida, devolvida, vivida e...viva
beijinhos já e ainda saudosos
Venho visitar-te. Depois do silêncio fica a memória das palavras.
bj
Gui
coisasdagaveta.blogs.sapo.pt
Olá minha querida!
Como eu entendo esse sonho!...
Beijos.
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