Quatro anos depois de intensas contendas e resistência pela dignidade de uma profissão injuriada como se obsoleta e desnecessária se tivesse subitamente revelado, é realmente espantoso ouvir frequentemente em todas as bocas significantes desta campanha eleitoral, em todos os espaços e todas as ocasiões a palavra Professores.
Depois da revolta e da vergonha, que durante cerca de 1460 dias e noites, sentimos por sermos estas tão execráveis criaturas que abraçaram uma profissão tão ignóbil, é inédito o destaque que a nossa opinião parece exercer.
Fossemos tão ignorantes e ingénuos como nos acreditam, e avançaríamos para este ano lectivo com a alegre convicção de que a partir de agora, aquilo que fazemos diariamente com e para os jovens e crianças deste país era efectivamente valorizado.
Somos nós, os professores, o “novo” povo que interessa agora, adular e agregar. Seria caso para dizer, se todas as angústias e lágrimas que aguentámos não nos tivessem endurecido, e se estivéssemos, como desejariam muitos, à venda: - Quem dá mais?